Jorge Rito: «A Eslovénia é claramente favorita, mas queremos dar outra imagem da nossa equipa»

SOURCE: [Radio France Internationale]
Cabo Verde entra em campo para a segunda jornada do Grupo G do Mundial de andebol masculino que decorre em três países organizadores: Dinamarca, Noruega e Croácia.
Em Zagrebe, a capital croata, os cabo-verdianos vão medir forças com a Eslovénia, nação que derrotou Cuba na primeira jornada por 41-19.
Cabo Verde foi derrotado na primeira jornada pela Islândia por 21-34 num encontro a contar para esta primeira fase de grupos.
A selecção cabo-verdiana ocupa o terceiro lugar sem nenhum ponto, bem como Cuba, no entanto os cabo-verdianos tem uma melhor diferença de golos, visto que perderam por 13 golos, enquanto os cubanos acabaram por ser derrotados por 19-41, isto significa 22 golos de diferença.
A Eslovénia, que venceu Cuba, lidera, em igualdade pontual com a Islândia, ambos com dois pontos angariados na primeira jornada do Grupo G.
A RFI falou com Jorge Rito, seleccionador de 62 anos de Cabo Verde, que já treinou o ABC de Braga, o AC Fafe e o Benfica em Portugal, antes de chegar à selecção cabo-verdiana.
Em entrevista exclusiva à RFI, Jorge Rito, treinador português da selecção cabo-verdiana, analisou o encontro frente à Islândia, fez uma antevisão da partida perante a Eslovénia e admitiu que o jogo decisivo será frente a Cuba.
RFI: Qual é o balanço que podemos fazer do jogo frente à Islândia?
Jorge Rito: Foi um jogo que nós já esperávamos que iria ser muito difícil, porque eu acho que a Islândia, esta é a minha opinião pessoal, é uma das melhores equipas do mundo. Sou fã do estilo de jogo islandês, dos jogadores islandeses, portanto, nós sabíamos que íamos defrontar uma equipa com potencial enorme, que tem jogadores a jogar nas melhores equipas da Bundesliga (ndr: Campeonato Alemão) e espalhados por esse mundo. Portanto, sabíamos isto tudo. Mas não esperava era que a nossa equipa oferecesse tanto o jogo à Islândia. Nós, na primeira parte, fomos completamente irreconhecíveis. Basta ver o número de faltas técnicas que tivemos, basta ver os golos de ataque rápido ou contra-ataque directo que tivemos. A diferença de dez golos no intervalo diz tudo. Não era o jogo que nós queríamos fazer no início. Na segunda parte, também é verdade que a Islândia rodou muito a equipa, mas a Islândia rodando a equipa continua a ser sempre uma equipa competitiva. Mas nós tivemos uma atitude completamente diferente. Baixámos o número de faltas técnicas. O resultado na segunda parte ficou por três golos de diferença. O que cavou realmente esta diferença de golos foi a nossa primeira parte muito, muito fraca.
RFI: É apoiar-se sobre a segunda parte? É nisso que vai trabalhar para o próximo jogo?
Jorge Rito: Nós temos pouco tempo. Nós agora temos que pensar já na Eslovénia. Claro que vamos analisar o que é que correu bem frente à Islândia e também algumas coisas que correram menos bem, mas não temos muito tempo para trabalhar sobre estes erros. Nós temos que começar a analisar a Eslovénia e preparar a equipa para jogar com Eslovénia. Evidentemente os jogadores estão tristes porque sentem que podiam ter feito melhor e não fizeram. Não é desprestigiante perder por treze golos com uma equipa de topo mundial. Mas fico com a sensação que nós podíamos ter feito muito melhor e os jogadores também. Por isso é que estamos tristes. Não é tanto com o resultado, mas com a nossa exibição. Foi uma exibição pobre e de uma equipa que mostrou muito nervosismo nesta entrada do Mundial, sem se justificar.
RFI: O mais complicado é justamente gerir a forma física porque os jogadoes têm que jogar todos os dois dias?
Jorge Rito: Claro, é complicado e às vezes surgem também lesões e não há tempo para recuperá-las. Principalmente quando são lesões dos jogadores decisivos. É muito mais complicado. Mas vamos tentar gerir isso e pensar jogo a jogo. Vamos ver quem é que está disponível para o jogo e vamos tentar fazer melhor do que fizemos frente à Islândia. Esse é o nosso objectivo.
RFI: A Eslovénia vai ser similar à Islândia?
Jorge Rito: A Eslovénia é claramente favorita como a Islândia. Agora, nós baixando o número de falhas técnicas, melhorando a nossa capacidade também de organização do nosso ataque, acho que podemo-nos aproximar um pouco mais da Eslovénia e dar outra imagem da nossa equipa.
RFI: O importante é mostrar uma outra imagem frente à Eslovénia e vencer frente a Cuba?
Jorge Rito: Sem dúvida. Nós não temos qualquer tipo de problema em dizer que a nossa final vai ser com Cuba. Mas até lá temos que jogar com a Eslovénia. Tudo vai contar, até provavelmente os golos marcados e sofridos, porque se acontecer algum resultado tipo um empate no último jogo, isso vai contar. Portanto, nós vamos tentar fazer o nosso melhor possível no jogo com a Eslovénia, mas não nos podemos esquecer que estamos neste Mundial para melhorar a prestação da nossa equipa. Nós queremos sair deste Mundial mais fortes do que entrámos em termos de jogo jogado, em termos de confiança, e em termos de maturidade internacional. Nós temos que sair daqui mais fortes e estes resultados não nos podem deitar abaixo, porque sabemos bem quais são as diferenças que existem entre as duas selecções.
RFI: Como é que foi esse primeiro jogo para si em termos emocionais?
Jorge Rito: Eu não posso agora estar a armar-me em herói, apesar de já ter muitos anos de treinador, mas é a primeira vez que estou num Mundial. É uma sensação incrível. Eu normalmente sofro muito com as derrotas e com as más prestações dos jogadores, mas eu quero também desfrutar deste Mundial. Eu estou aqui rodeado dos melhores atletas do mundo, os melhores treinadores do mundo, numa organização fantástica. Portanto, nós temos que desfrutar isto tudo porque somos uns privilegiados. Quem são os treinadores que têm possibilidade estar num Campeonato do Mundo? Eu sou um deles. A minha função é fazer o melhor possível em ajudar os meus jogadores e a minha equipa a ter bons resultados. Mas também não posso andar aqui triste só porque perdi um jogo. Eu estou contente por cá estar. É evidente que é sempre um privilégio nós podermos representar Portugal enquanto treinador, porque neste Mundial há dois treinadores portugueses. Pela primeira vez aconteceu isso na história. Nunca estiveram dois treinadores portugueses num campeonato do Mundo e, portanto, eu estou muito contente por isso. Já fizemos história.
Jorge Rito, seleccionador de Cabo Verde 17-01-2025

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